Nos anos 1990, Brahma e Antarctica eram rivais de peso no setor de bebidas. Cada uma com sua história centenária, marcas emblemáticas e fábricas espalhadas pelo Brasil, disputavam o coração — e o copo — do consumidor brasileiro.
Mas, em vez de seguir em uma guerra de preços e marketing que poderia consumir as forças de ambas, as duas decidiram dar um passo ousado: unir forças.
Foi assim que nasceu a Ambev, um movimento que mudou para sempre o mercado brasileiro e, posteriormente, o mercado mundial de bebidas. Mas esse salto não foi apenas uma jogada de marketing ou de mercado. Foi um caso exemplar de estruturação corporativa estratégica.

De rivais a aliadas: a gênese de um gigante
Imagine o cenário: duas empresas com culturas distintas, estruturas operacionais robustas e legados emocionais consolidados. Integrá-las exigia mais que boa vontade, exigia método. A fusão entre Brahma e Antarctica, em 1999, exigiu revisão de modelos tributários, realinhamento de governança e estrutura de liderança, além da definição clara de papéis e responsabilidades.
Foi nessa fase que a estruturação societária da Ambev passou a ser desenhada com inteligência estratégica. A escolha do modelo societário adequado, a criação de conselhos de administração com independência e transparência e a implementação de práticas de governança corporativa foram os pilares dessa construção.
Esse movimento inicial lançou as bases para fusões ainda maiores nos anos seguintes.
Uma sucessão de movimentos certeiros
O que veio depois consolidou a Ambev como um case global. Em 2004, a fusão com a belga Interbrew criou a InBev, abrindo as portas do mercado europeu. Apenas quatro anos depois, a aquisição da americana Anheuser-Busch — em um negócio de US$ 52 bilhões — resultou na criação da AB InBev, maior cervejaria do mundo.
A empresa que nasceu da união de duas concorrentes brasileiras passou a ter sob seu guarda-chuva marcas globais como Budweiser, Stella Artois, Beck’s e Leffe. Mas mesmo diante de um império, a Ambev manteve sua identidade operacional na América Latina, com estratégias próprias de marketing, logística e distribuição.
Essa autonomia regional, equilibrada com o alinhamento global, é fruto direto de uma estrutura societária e administrativa sólida — uma das heranças mais valiosas da estruturação corporativa inicial.
O valor invisível de uma boa estrutura
O que garante que uma empresa cresça, adquira outras, mantenha margens e continue se reinventando mesmo após décadas? O nome disso é estrutura corporativa. Na prática, isso significa:
- Um modelo tributário otimizado, que reduz riscos e custos;
- Governança robusta, que dá transparência às decisões;
- Modelos de sucessão bem definidos, que garantem continuidade;
- Estratégia societária clara, que evita conflitos e protege o controle.
A Ambev demonstrou, ao longo de sua trajetória, que esses pilares não apenas sustentam o crescimento como o potencializam. Em 2016, por exemplo, a fusão com a SABMiller — sua maior concorrente global — consolidou ainda mais essa visão de longo prazo. O negócio, de US$ 100 bilhões, exigiu uma reestruturação complexa e detalhada, que só foi possível graças à base construída anteriormente.
Mais que cerveja, uma estratégia líquida e consistente
Ao longo dos anos, a Ambev também entendeu que não poderia depender apenas da cerveja. Diversificou. Passou a distribuir refrigerantes como Pepsi e Guaraná Antarctica, investiu em marcas premium e artesanais como Colorado e entrou no segmento de energéticos com o Fusion.
Essa diversificação foi suportada por uma estrutura logística poderosa, com centros de distribuição em pontos estratégicos do Brasil e América Latina. Mas, acima de tudo, foi sustentada por uma cultura corporativa baseada em performance, eficiência e meritocracia.
A fórmula de sucesso da Ambev — ainda que singular — revela uma lição universal: crescimento consistente só se sustenta com base sólida. E essa base começa com uma estrutura bem desenhada.
A lição para empresas brasileiras
Muitas empresas têm bons produtos, equipes engajadas e até clientes fiéis. Mas poucas sobrevivem à segunda geração, às crises, ou à própria ambição. O motivo? Falta de estrutura.
O caso Ambev mostra que estruturação corporativa não é uma formalidade burocrática. É uma escolha estratégica para empresas que desejam crescer com segurança, atrair investidores e perpetuar seu legado.

Conclusão: o DNA da perpetuidade
Se hoje a Ambev é um dos maiores nomes da B3 e uma potência global em bebidas, é porque investiu desde cedo em organização, governança, sucessão e visão de longo prazo. Cada fusão, cada aquisição e cada expansão foram sustentadas por uma engrenagem jurídica, fiscal e societária muito bem ajustada.
Na Gennesys, enxergamos a estruturação corporativa como o ponto de partida para qualquer empresa que deseja ir além do presente. Por isso, acompanhamos de perto cada cliente nessa jornada — do planejamento tributário à governança familiar, do desenho societário à preparação para fusões.
Grandes histórias empresariais, como a da Ambev, não nascem do improviso. Elas são construídas com visão, método e estrutura. E essa estrutura começa agora.