Insights / Blog

21/02/2025

Private equity global dá sinais de mudança para um novo ciclo

O mercado global de private equity passou por desafios significativos nos últimos anos, impulsionados principalmente pelo ambiente de juros elevados e por um contexto macroeconômico desafiador. Entretanto, dados recentes da Preqin, empresa britânica que fornece insights sobre o mercado financeiro, indicam sinais de mudança, com investidores e gestores se adaptando ao novo ciclo econômico e identificando novas oportunidades.

O impacto dos juros no Private equity 

Nos últimos anos, a elevação das taxas de juros globalmente impactou diretamente a indústria de private equity. Os gestores enfrentaram dificuldades tanto para captar novos fundos quanto para realizar desinvestimentos a valores atrativos. Além disso, investidores institucionais passaram a priorizar ativos de renda fixa, reduzindo sua alocação em private equity.

Contudo, com os primeiros sinais de redução das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa, o cenário começa a mudar. A expectativa de um ambiente monetário menos restritivo está reaquecendo algumas dinâmicas do setor, criando oportunidades para gestores e investidores.

 

Crescimento dos investimentos e amanho das transações

Apesar das dificuldades, o volume de investimentos dos fundos de private equity cresceu 7% em 2024, atingindo US$ 511,6 bilhões em mais de 7 mil transações.

Os dados da Preqin mostram que, enquanto o número total de transações diminuiu, o tamanho médio das operações aumentou. O valor médio por transação no quarto trimestre foi de US$ 222 milhões, acima da média consolidada do ano (US$ 186 milhões) e da média dos últimos cinco anos (US$ 209 milhões). Esse crescimento foi impulsionado, entre outros fatores, pela retomada de IPOs em mercados maduros e pelo aumento do volume de transações em economias emergentes, como a Índia.

 

Desafios na captação de fundos

O ambiente de captação segue desafiador. No quarto trimestre de 2024, o volume de novos fundos captados foi de US$ 85,9 bilhões, uma queda significativa em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado do ano, foram captados US$ 584 bilhões em 952 fundos, uma queda de 26% e 27%, respectivamente.

O declínio mais acentuado ocorreu nos fundos voltados para transações secundárias. Em 2023, esses fundos levantaram US$ 92,4 bilhões, representando 12% da captação global de private equity. Já em 2024, o montante caiu 39%, para US$ 56,3 bilhões em 37 fundos. Essa queda reflete a menor necessidade de liquidez imediata por parte dos investidores, que começam a recuperar a confiança em saídas tradicionais.

 

A força dos continuation funds

Apesar da queda na captação geral, os continuation funds seguiram em alta. Esse tipo de fundo permite que os gestores mantenham ativos por mais tempo antes de realizarem um desinvestimento, algo especialmente valioso para fundos de venture capital que aguardam a maturidade de startups antes de liquidar suas posições.

Os continuation funds captaram US$ 36 bilhões em 2024, um valor próximo do recorde histórico de 2021. Apenas no quarto trimestre do ano, 65 novos fundos desse tipo foram lançados, evidenciando a importância dessa estratégia em um momento de transição para o private equity.

 

Melhorando o tempo de captação

Um dado positivo apontado pela Preqin é que os fundos estão levando menos tempo para completar suas captações. Em 2024, 33% dos fundos levantados alcançaram seu fechamento final em 18 meses, um avanço em relação aos 25% registrados em 2023.

Além disso, apenas 3% dos fundos levaram mais de três anos para captar, uma redução significativa em comparação a 2023 (17%) e 2022 (14%). Esse dado indica que, apesar das dificuldades, os fundos que conseguem captar estão tendo mais eficiência no processo.

 

Perspectivas para 2025

Olhando para o futuro, a expectativa para 2025 é de retomada gradual do apetite dos investidores por private equity. Segundo um levantamento da Preqin, 50% dos investidores consultados planejam aumentar sua alocação em private equity no próximo ano, um crescimento expressivo em relação aos 28% registrados no ano anterior.

No Brasil, o cenário ainda é incerto, dado que a taxa de juros segue elevada. No entanto, como a captação de private equity também ocorre no mercado internacional, o aumento da demanda global pode beneficiar os fundos brasileiros.

Conclusão

O private equity global está passando por um período de transição. O ambiente de juros elevados impactou a captação e as saídas nos últimos anos, mas os primeiros sinais de mudança já aparecem no horizonte.

O aumento no tamanho das transações, a recuperação dos IPOs e a redução do tempo de captação indicam que o mercado está se ajustando à nova realidade. A continuidade do interesse dos investidores e a possível redução dos juros em 2025 podem impulsionar ainda mais a indústria nos próximos anos.

Com um olhar atento para essas tendências, investidores e gestores podem se posicionar de forma estratégica para aproveitar as oportunidades que estão surgindo no setor.