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10/02/2025

Empresas em risco? Como a alta da Selic pode afetar seu negócio

A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa Selic de 11,25% para 13,25% no mês passado tem causado preocupação entre empresários de diversos setores. Mas o que essa alta realmente significa para os negócios? Como ela afeta o acesso ao crédito, os custos operacionais e o comportamento do consumidor?

Vamos explicar os impactos da Selic e como sua empresa pode se preparar para enfrentar esse cenário.

O que é a taxa Selic e por que ela sobe?

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve como referência para todas as outras taxas praticadas no mercado, desde financiamentos e empréstimos até investimentos. O Banco Central, por meio do Copom, ajusta a Selic periodicamente para controlar a inflação e manter o equilíbrio econômico.

Quando a inflação está alta, o Copom tende a elevar a Selic para desestimular o consumo. Isso ocorre porque taxas de juros mais altas encarecem o crédito, reduzindo o acesso a empréstimos e financiamentos. Com menos dinheiro circulando, a demanda por produtos e serviços diminui, ajudando a conter a inflação. Por outro lado, quando a Selic é reduzida, o objetivo é estimular o consumo e o crescimento econômico.

 

Impactos da alta da Selic no acesso ao crédito

Para as empresas, especialmente as micro e pequenas, a Selic elevada significa condições de crédito mais restritivas. Empréstimos e financiamentos se tornam mais caros, pois os bancos repassam os custos do aumento da taxa para seus clientes. Isso pode dificultar a obtenção de capital de giro, essencial para manter a operação de muitos negócios.

Setores que dependem fortemente de crédito para financiar suas atividades, como varejo e construção civil, são os mais impactados. O encarecimento do crédito reduz o consumo, afetando as vendas e levando a ajustes na estratégia empresarial. Além disso, bancos e instituições financeiras adotam critérios mais rigorosos para conceder empréstimos, exigindo garantias mais sólidas e aumentando as taxas de juros.

 

Como a Selic impacta o consumo e as vendas

A relação entre Selic e consumo é direta: quanto maior a taxa, menor o poder de compra da população. O aumento dos juros afeta o preço dos financiamentos, encarece parcelas de compras a prazo e desestimula o endividamento. Como resultado, os consumidores reduzem seus gastos, priorizando apenas o essencial.

Com a demanda mais baixa, empresas precisam ajustar suas estratégias para evitar quedas bruscas nas vendas. Promoções, renegociação com fornecedores e revisão de margens de lucro são algumas das alternativas para atravessar esse período sem comprometer a saúde financeira do negócio.

 

Setores mais e menos impactados

Nem todas as empresas sofrem da mesma forma com a alta da Selic. Alguns setores são mais vulneráveis, enquanto outros podem até se beneficiar.

Os setores mais afetados incluem varejo, construtoras e concessionárias de veículos, que dependem diretamente do consumo financiado. A queda na demanda pode levar às empresas desses segmentos a reduzirem estoques, renegociar contratos e, em casos extremos, reavaliar sua estrutura de custos.

Por outro lado, setores como energia, saneamento e óleo e gás tendem a sofrer menos impacto, pois operam com contratos de longo prazo e possuem receitas previsíveis. Além disso, bancos e seguradoras podem se beneficiar da alta da Selic, já que o aumento da taxa eleva suas margens de lucro em operações de crédito.

Como preparar sua empresa para enfrentar a alta da Selic

Diante desse cenário desafiador, empresas precisam adotar estratégias financeiras inteligentes para minimizar os impactos da alta dos juros. Algumas ações podem ajudar:

Primeiro, evite contrair dívidas desnecessárias. Antes de buscar crédito, avalie soluções internas, como otimização de processos e redução de custos operacionais. Caso precise de financiamento, priorize linhas de crédito subsidiadas, como as oferecidas pelo BNDES e outras instituições de fomento.

Outra estratégia é reforçar o controle do fluxo de caixa, garantindo que os recursos da empresa sejam administrados com eficiência. Negociar melhores prazos com fornecedores e buscar condições vantajosas para pagamento de dívidas também são formas de aliviar a pressão financeira.

Além disso, manter-se atualizado sobre as tendências econômicas e decisões do Banco Central permite tomar decisões mais informadas. Acompanhar os indicadores econômicos pode ajudar a antecipar mudanças e ajustar o planejamento estratégico da empresa.

 

Conclusão

A alta da Selic tem efeitos profundos na economia, impactando o crédito, o consumo e a operação das empresas. Negócios que dependem de financiamentos e que atuam em setores sensíveis à demanda precisam redobrar a atenção em suas estratégias financeiras para atravessar esse período de juros elevados.

A adaptação a esse novo cenário exige planejamento, eficiência e boas decisões financeiras. Empresas que souberem se preparar tendem a sair fortalecidas, garantindo sua sustentabilidade mesmo diante de desafios econômicos. O momento pede cautela, mas também é uma oportunidade para rever processos e fortalecer a gestão do negócio.