Nos últimos anos, os fatores ESG (ambientais, sociais e de governança) deixaram de ser apenas uma tendência e se tornaram um elemento central na análise de riscos e oportunidades em processos de fusão e aquisição (M&A). Empresas e investidores já perceberam: ignorar a pauta ESG pode custar caro, e não apenas em reputação.

O que é due diligence ESG e por que ela importa
Tradicionalmente, a due diligence em processos de M&A envolve a análise financeira, jurídica e operacional de uma empresa-alvo. A novidade é que, cada vez mais, investidores e adquirentes estão exigindo a avaliação de riscos e oportunidades relacionados a ESG como parte do pacote. Essa análise investiga se a empresa respeita boas práticas ambientais, sociais e de governança, qual a maturidade desses processos e o impacto disso no valuation do negócio.
De acordo com um estudo da KPMG, 71% dos investidores globais relataram aumento na importância dos fatores ESG nas transações nos últimos 12 a 18 meses. E o Brasil está à frente: 89% dos respondentes no país dizem que as questões ESG já fazem parte da agenda de M&A, superando a média global de 82%.
ESG no centro da estratégia de investimento
Os investidores mais experientes não veem a due diligence ESG como um obstáculo, mas como um instrumento para agregar valor. Ao incorporar aspectos de sustentabilidade, eles estão ampliando a capacidade de prever riscos operacionais, de reputação e regulatórios, além de identificar ganhos potenciais.
Dados da KPMG indicam que 55% dos investidores estimam ganhos de 1% a 10% no valor dos ativos quando incorporam critérios ESG em suas diligências. Os principais benefícios surgem de melhorias em processos como descarbonização, circularidade, gestão de cadeia de suprimentos e governança corporativa.
Além disso, 48% dos investidores incorporam os fatores ESG ao plano de desinvestimento e preparam documentação específica sobre isso. Ou seja, o ESG começa a ser visto também como diferencial competitivo na saída do investimento.
Os maiores desafios: escopo, dados e orçamento
Apesar do crescimento da importância da due diligence ESG, ainda há gargalos. Definir um escopo factível, lidar com a baixa qualidade dos dados recebidos das empresas-alvo e quantificar as constatações são os três principais desafios apontados pelos investidores.
- 49% têm dificuldade em delimitar o escopo da due diligence ESG.
- 45% alegam escassez de dados robustos ou políticas claras nas empresas analisadas.
- 48% dizem ter dificuldade para quantificar as descobertas identificadas.
Mesmo com esses entraves, 57% dos investidores planejam trabalhar com consultores externos para garantir a profundidade necessária nas análises ESG. É um movimento que demonstra maturidade e profissionalismo diante da complexidade do tema.
O paradoxo do orçamento
Embora a relevância do tema seja crescente, os orçamentos destinados à due diligence ESG ainda são modestos. Em média, 60% dos investidores corporativos e quase 80% dos financeiros consideram que US$ 50 mil é um valor adequado por projeto. Na prática, esse limite reduz o escopo e pode comprometer a profundidade da análise.
Vale destacar que 45% dos entrevistados já enfrentaram impactos materiais nas negociações como resultado de descobertas ESG. Em mais da metade desses casos, os achados representaram “deal stoppers” — elementos graves o suficiente para inviabilizar ou postergar a operação.

Conclusão: ESG é valor — e risco também
A due diligence ESG já não é mais um diferencial: ela é parte essencial de uma operação bem-sucedida de M&A. Identificar, mitigar e transformar riscos ambientais, sociais e de governança em oportunidades tangíveis tornou-se prática recomendada e, para alguns investidores, um critério decisivo.
No Brasil, onde a maturidade do mercado financeiro avança com rapidez, a integração dos fatores ESG nas decisões de investimento reflete um cenário de transformação. O olhar atento ao valor de longo prazo — e não apenas ao preço de aquisição — é o que diferencia os negócios que prosperam dos que ficam para trás.
A Gennesys acompanha essa evolução de perto, com soluções sob medida para assessorar empresas e investidores em operações com visão de futuro. Porque, no fim das contas, due diligence ESG é sobre enxergar além do risco: é sobre enxergar o valor.
